Novas instalações vão enriquecer urânio, que poderá produzir tanto energia quanto bombas
O governo iraniano anunciou ontem que planeja construir dez novas usinas de enriquecimento de urânio no país. Dependendo de como for processado, esse material radioativo pode servir tanto para a produção de energia nuclear como para a construção de bombas atômicas.
As novas plantas de enriquecimento de urânio terão o mesmo tamanho do principal complexo nuclear do país, na cidade de Natanz, e os trabalhos começarão em dois meses. Com as instalações, o país vai produzir entre 250 e 300 toneladas de combustível nuclear ao ano.
O anúncio é um claro desafio às potências ocidentais e à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado à ONU. Eles afirmam que o verdadeiro objetivo do programa nuclear iraniano é desenvolver tecnologia para a fabricação de armas atômicas.
O Irã, no entanto, garante que seu programa tem fins exclusivamente civis. “Temos uma abordagem amigável com o mundo, mas não deixaremos ninguém prejudicar os direitos do Irã”, disse o presidente Mahmoud Ahmadinejad.
O líder iraniano visitou o Brasil na semana passada. Na ocasião, o presidente Luís Inácio Lula da Silva apoiou o programa nuclear iraniano desde que com fins pacíficos. “Aquilo que o Brasil defende para nós, nós defendemos para os outros”, afirmou Lula em entrevista à imprensa.
A decisão de construir novas plantas, no entanto, agravará as tensões entre a República islâmica e países como EUA, França, Reino Unido e Alemanha. Além dos países que fazem oposição ao regime atual, o anúncio também pode azedar as relações com a Rússia e China, tradicionais aliados do Irã, que nos últimos meses negociaram com o país uma solução diplomática para o impasse em relação ao programa nuclear.
Condenação
Há algumas semanas, o Irã e as potências ocidentais chegaram a anunciar um acordo segundo o qual o material nuclear iraniano seria enviado à Rússia e à França onde seria enriquecido e, posteriormente, devolvido ao país. Mas, semanas depois, o governo iraniano negou o acordo.
Em consequência, na última quinta-feira o Conselho de Governadores da AIEA, agência nuclear da ONU, aprovou uma resolução de condenação ao Irã devido à falta de cooperação e transparência em torno de seu polêmico programa nuclear. Em resposta, o regime dos aiatolás anunciou já na sexta-feira que reduziria seu nível de cooperação com a agência e deu a entender que buscará o urânio enriquecido de que diz precisar por outras vias.
Repercussão
A Casa Branca disse que os planos do Irã representam sérias violações às suas obrigações internacionais e podem isolar ainda mais o país. “Se verdadeiro, isso representaria outra séria violação às claras obrigações do Irã com as múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, disse o porta-voz Robert Gibbs.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
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